18 de março de 2013

NATUREZA HUMANA

A partir do momento que o ser humano despertou para uma consciência interior, através do espanto de si mesmo e de tudo o que o rodeia, iniciou-se o um processo evolutivo que o levou à questão de pensar a emoção e a razão, enquanto bases mediadoras para uma vida melhor. Tomar consciência de si mesmo, é isso ainda nos dias de hoje. As questões: Quem sou eu? O que faço aqui? De onde vim? Para onde vou? Existe um Deus? Porque estou a pensar isto? Porque fiz isto? Etc.
Este processo intuitivo mais tarde veio a ser denominado pela Filosofia como um processo Metafísico. Entende-se como um processo Metafísico aquilo que está para além da lógica, aquilo que não precisa de ter nada como referência para se chegar onde se chegou, como que se tratasse de uma condição humana transcendente, que apenas pode ser pensada pela razão. Este tema central da Filosofia pode ser mais fortemente analisado em várias obras, desde Aristóteles até aos filósofos contemporâneos, então deixo ao seu critério o aprofundar mais deste tema, para que não fujamos à questão central que hoje aqui é exposto. Nesse processo Metafísico levantam-se imensas questões, e inicia-se um longo caminho em busca de verdades ou explicações sustentáveis. E assim facilmente chega-se à necessidade de criar um conjunto de regras morais, baseadas na forma correta de gerir esse sentimento, que é estar vivo e ter consciência disso. E o maior desafio dá-se, a partir do momento que, percebemos que não estamos sozinhos aqui, e que outros seres semelhantes também estão nesse mesmo processo, e que a nossa relação com o mundo também inclui, a nossa relação com os seres da mesma espécie, ou seja outros humanos como nós, e que esse encontro ocasional ou premeditado pode nos trazer felicidade ou simplesmente arruinar a nossa vida. É neste contexto que surge nos antigos gregos, a noção de problema de saúde, provocada pelo que eles chamavam de vício, e que posteriormente foi transformado em pecado pelos pensadores da Igreja Católica.
Na antiga Grécia entendia-se como vício toda a ação humana que provocasse um estado contrário ao estado de felicidade, ou seja aquilo que não é um bem para si mesmo, apesar de na primeira aparência o parecer ser. É exatamente isto, que deu origem aos sete pecados capitais, segundo a visão católica. Na realidade quando tomamos consciência das nossas fragilidades humanas, na maioria dos casos tornamo-nos mais fortes. Podemos assim entender que o conceito de pecado teve na sua origem uma intenção de alerta ou prevenção acerca de alguns processos Metafísicos humanos que necessitavam de alguma ponderação, correção ou mesmo evitá-los na sua totalidade. E a questão central inicia-se aqui, pois a intenção parece-me de grande nobreza mas será que o método foi o mais nobre? Decididamente não. É como dizermos a uma criança de 3 anos, que não mexa na jarra que está em cima da mesa, se não ela pode-a partir, aquilo que vai provocar exatamente, é a curiosidade da criança para tocar esse mesmo objecto.
E qual a arma mais eficaz, e mais rápida de travar um ser humano? O célebre Medo! E aí aparece a outra versão, que é dizer à mesma criança, não mexas na jarra se não vou-te bater ou colocar-te de castigo! E com isto formamos pessoas baseadas em medos, e não em consciência e esclarecimentos adequados das consequências dos seus atos  para com eles mesmo, e para com os outros. Na realidade o que é que nos tem sido incutido no nosso espirito? Exatamente isso mas de outra forma, não faças isso porque é pecado e vais para o inferno, o "não" sempre aparece, inclusive nos 'dez mandamentos' e mostram-nos ainda que o inferno é um lugar temível,  pior que uma palmada ou um castigo.
Não existe nenhum conceito de educação, moral ou ético eficaz, se não for baseado no esclarecimento, pois não basta dizer não faças, é necessário um processo de esclarecimento mais humano para entendermos o porquê de uma negação. Usando um termo mais filosófico, todos os humanos enquanto tal, estão expostos a naturezas de virtudes ou de vícios, como que existisse uma animalidade que contrária a consciência e a afeta, quando ela mesmo se manifesta. E com isto chegamos ao clássico conceito do bem e do mal, mas não vou desenvolver esta questão, apenas achei importante para nos posicionar no contexto. Onde será então que o [pecado] foi mal explicado? Parece-me bastante clara a resposta a esta questão, pois formar pensadores conscientes da sua própria realidade, é algo do campo da Filosofia e não da Religião, porque formar filósofos exige muito mais esforço do que formar seguidores ou crentes de uma determinada ideologia religiosa, e além disso dá menos lucro, seja ele um lucro econômico, ideológico ou social. E a partir daqui desencadearam-se durante milênios, conflitos entre Filosofia, Religião e Política. E com isso existe legitimidade para perguntar, se o conceito de pecado existe há mais de dois mil anos, então porque ainda continuamos a agir como agimos? Será culpa de quem ensina, de quem aprende ou do método? Ou será que não é para aprendermos? Será que o “inferno” não convive com a ideia de não ter lá ninguém, e também ele precisa de seguidores para continuar a subsistir? A resposta é óbvia, precisamos de compreender mais da natureza humana para ter a capacidade de administrar as fragilidades a que estamos expostos enquanto humanos que somos, e não apenas por medo ou por condição imposta socialmente ou moralmente. Todos sabemos que quando movidos pela emoção desmedida cometemos as maiores atrocidades contra nós mesmos ou contra os demais. Então o vício
 (toda a ação humana que provoca um estado contrário ao estado de felicidade) é parte de nós, e de fato podemos viver melhor tendo a consciência disso e não apenas nos retrair por não saber como lidar com esta questão. 
Muitos seriam os exemplos, pois também muitos são os hábitos que nos desviam de um estado de felicidade, (sejam físicos ou emocionais), mas ainda hoje todos eles são usados como forma de manipulação individual e coletiva. Será que existe uma solução? Existe sim. Conheça-se a si mesmo e não se limite a aceitar que errar é humano ou que é uma vítima do vício, dessa forma você estará a perceber quando este ser movido pela razão ou pela emoção precipitada pode prejudicar ou não a si mesmo. Vamos considerar este processo algo como, pensar antes de pensar, como que um espaço intermediário entre o ser e o não ser, o fazer e o não fazer, e qual a razão desta necessidade. A Filosofia não visa apenas dar respostas, mas antes formular perguntas de forma adequada e sem medos, para que seja trazida alguma luz ao esclarecimento da consciência.
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