3 de novembro de 2011

GEOMETRIA SAGRADA

 Quando a maioria de nós pensa no movimento das estrelas e dos astros no céu, numa bela porcelana marajoara com seus desenhos intricados, numa sinfonia de Mozart, no Partenon Grego, na planta que cresce em nosso quintal e até mesmo em nosso cartão de crédito, sentimos imediatamente uma espécie de atração, de fascinação, desejo. Poderíamos chamar a isso simpatia, ressonância ou simplesmente reconhecimento.


Este reconhecimento vem do fato que todas estas estruturas, embora externalizem formas, aspectos e funções completamente diferentes, estão construídas sobre o mesmo fundamento que erige nossos corpos e que regula nosso ciclo de vida, crescimento, amadurecimento e morte: uma série de proporções geométricas que são a base arquitetônica e funcional de todo o universo, desde as partículas subatômicas até os agrupamentos de galáxias mais distantes do cosmo.


A esta série de medidas e proporções que ordena o tempo e o espaço e todas as estruturas neles inseridas damos o nome de Geometria Sagrada.


É a busca do perfeito casamento entre a Terra, sua medida (geometria) e o Céu (sagrado).
Portanto, qualquer forma de representação que aponte na direção do sagrado pode ser considerada Geometria Sagrada, num sentido mais amplo do termo. Um pássaro, uma árvore, uma montanha, um círculo, um quadrado, um astro celeste, um pergaminho, um rio, um desenho livre, uma construção, são possíveis formas de expressão da Geometria Sagrada.


O grande musicólogo alemão Marius Schneider nos diz: O símbolo é a manifestação ideológica do ritmo místico da criação e o grau de veracidade atribuído ao símbolo é uma expressão do respeito que o homem é capaz de conceder a este ritmo místico.


Existem categorias de números, formas e proporções que são mais utilizadas mundialmente através da história como Geometria Sagrada. Temos como exemplos imediatos o número 1, o círculo, o quadrado e o retângulo e as proporções Pi ( ), Raiz de 2 ( ), Raiz de 3 ( ), Raiz de 5 ( ) e Phi ( ), ou Proporção Áurea, além da Medida Sagrada do Lugar, das séries de Fibonacci e de algumas escalas musicais.


Mas estas categorias exalam apenas algumas das facetas dessa nobre arte, já que justamente por não haver um corpo de conhecimento fixo que estabeleça o que vem a ser a Geometria Sagrada ela não pode ser considerada uma ciência.


A Geometria Sagrada busca um padrão harmônico nas formas, medidas e proporções daquilo que se utiliza para representar o divino. Porém podem existir formas harmônicas que não são necessariamente consideradas sagradas, ao mesmo tempo que nem todas as formas sagradas são obrigatoriamente harmônicas posto que o sagrado é relativo a quem o representa.

Desta maneira, a Geometria Sagrada nasce como uma maneira de aperfeiçoamento das formas representativas do divino ao se atribuir a este o uso de um mecanismo subjacente para a criação e manutenção do universo enquanto o Homem se coloca na posição de “copiar” a maneira de operar da Divindade.

De acordo com o Geobiólogo Espanhol Juan Saez, “utilizar a Geometria Sagrada é imitar como opera o divino”, posto que o símbolo, em um nível mais profundo é a própria coisa simbolizada.
Ao imitar o sagrado estamos ao mesmo tempo abrindo oportunidades para que Sua obra seja feita através de nossas mãos, assim o uso da representação e da imitação leva a um processo de co-operação, onde o Homem toma para si a tarefa de auxiliar o Sagrado a exercer suas funções.

 Eventualmente um processo de trabalho conjunto levará à noção de identidade entre aquilo que se representa e aquilo que é representado, através de seu representante.

 Esta noção de identidade, de ligação profunda, de união é freqüentemente descrita como amor. A capacidade de amar nasce dessa identificação.

 Portanto a representação, a imitação e a cooperação levam a uma compreensão de identificação e amor com a divindade. Passa-se neste ponto a Viver e Ser a própria divindade.

 Embora sua objetividade seja a ordem subjacente à todas as coisas, moléculas, galáxias, folhas e etc., e sua expressão exterior possibilite ao homem a confecção de artefatos e edificações de maior ou menor complexidade, o objetivo implícito dessa educação era, em tempos antigos, permitir que a mente se tornasse um canal, através do qual a Terra poderia receber o abstrato, a vida cósmica do Céu.

 Este processo de uso psicológico da geometria transformou-a em matéria de estudo dos grandes filósofos e místicos da humanidade, independentemente de seu uso prático exterior, como comenta Platão, em República VII:

 “Que prazer me dais, os que pareceis preocupados porque eu vos imponha estudos pouco práticos. Não é próprio unicamente dos espíritos medíocres, pois todos os homens tem dificuldades para se persuadir de que é através destes estudos, utilizados como instrumentos, que se purifica o olho da alma, e que se propicia que um novo fogo arda nesse órgão que foi obscurecido e como que extinguido pelas sombras das outras ciências, um órgão cuja conservação é mais importante que dez mil olhos, já que é através dele apenas que podemos contemplar a verdade” (citado em Spiritual Path, Sacred Place. Barrie, Thomas. 1996).

No entanto, os antigos Mestres de Obra e os sábios mais pragmáticos do passado equilibravam tanto o caráter externo quanto pessoal da Geometria Sagrada levando estas pautas às suas construções, às suas músicas, às suas obras. O objetivo era transmutar o sutil em concreto e vice-versa e assim “capturar” essa divindade, essa eternidade, para impregnar o indivíduo com algo inapreensível. Por isso suas obras seguem incólumes pelos séculos.

 Ao estudarmos ou utilizarmos desenhos, objetos, móveis, decorações, casas ou qualquer outro artefato construído com proporções sagradas estamos ao mesmo tempo cooperando com a Criação e trazendo para nossas vidas esta harmonia intrínseca do universo, auxiliando nosso desenvolvimento e o crescimento do nosso ser diversificado em busca do retorno à Unidade.

É uma jóia que nos permite acesso directo a ‘insights’ ainda impossíveis de ensinar.
De facto, a Flor da Vida, traz-nos imensos ensinamentos, e a Geometria Sagrada é um deles. Mas se tiveres hipóteses de praticar, descobrirás os efeitos que esta tem na tua mente. É uma explosão de criatividade, ainda que de forma sutil.


E porque é tão importante a Geometria Sagrada? É que, ainda que, existam imensas razões, uma das mais válidas é a de que é uma meditação para a nossa lógica cerebral.
A maioria das nossas experiências meditativas, centram-se no hemisfério direito do cérebro – o nosso lado intuitivo, emocional e sentimental. Quando meditamos, geralmente, sentimo-nos muito bem. Às vezes, durante as meditações, conseguimos ter visões ou imagens, ouvir sons calmos ou vozes inspiradoras. Todas estas sensações se localizam no lado direito do nosso cérebro; o emocional e intuitivo.
Qualquer um que tenha tido experiências meditativas, fica com a sensação de ter tido uma experiência maravilhosa, mas mal começa a tomar consciência da realidade, começa a duvidar da validade da experiência que acabou de ter e começa a ter uma conversa do tipo “Nada disso! É tudo imaginação minha, isto não pode ser verdade, devo ter inventado estas coisas…”

O que acontece, é que o lado esquerdo do cérebro, não foi envolvido na experiência, ou seja, o teu lado esquerdo, o teu lado lógico, não teve qualquer envolvimento com o teu lado direito, com o teu intuitivo, e por isso não sabe o que fazer com estas experiências. Então, o teu cérebro desata a fazer o que os pensadores, aqueles que têm a mente muito activa, geralmente, fazem, começa a rejeitar as tuas experiências intuitivas utilizando questões puramente lógicas e racionais. E como a tua experiência foi puramente emocional e intuitiva, não tem por isso uma base lógica de sustentação. E é assim que começamos a diminuir as experiências internas que temos, com tanta facilidade.

Este é só um dos exemplos do que acontece quando os teus dois hemisférios cerebrais não estão a trabalhar em conjunto tal como deveriam. O teu lado lógico mantém-se céptico e por vezes até cínico, acerca do valor das experiências que acontecem no teu lado direito ou intuitivo. É como usar só um motor do barco num percurso e, em que, se utilizares os dois motores, chegas lá muito mais depressa.
Então, significa que existe aqui um desafio! Ou seja, temos estas experiências maravilhosas, estes ‘insights’ e visões fantásticas que são potencialmente úteis ao nosso progresso e desenvolvimento, mas assim que saímos daquele estado meditativo e começamos a utilizar o lado lógico do cérebro entra a dúvida e as questões.

E como é que damos a volta a isto? Como conseguimos ter os dois lados do cérebro a funcionar em conjunto? Pois bem, a vossa resposta, está na Geometria Sagrada!
A Geometria Sagrada é basicamente a geometria focada em descrever a criação e/ou consciência; o movimento da consciência pela realidade. E como está em movimento (em vez de ‘ler’ ou ‘observar’, não é por isso uma actividade estática) apela directamente ao nosso lado racional do cérebro. Mas a Geometria Sagrada não é algo que olhes e penses ‘Sim, já percebi!”, tens mesmo que agarrar num lápis, num compasso, e em papel e começar a desenhar.

CCB: é uma experiência hipnótica, asseguro-vos.
E o que acontece quando começas a desenhar é que o teu lado esquerdo do cérebro está envolvido também – e então começas a fazer, a criar algo. É então que se dá a magia! Ao desenhares estas imagens (não só por olhares para elas) começas a aceder à essência da tua/nossa realidade, a base da criação numa linguagem que o teu lado lógico consegue finalmente entender. E assim que inicias este processo, começas a permitir ao lado esquerdo do teu cérebro, o racional, compreender uma explicação lógica para a Unicidade de todas as coisas. E fazes isto porque, em parte, estás a desenhar a realidade, a descrevê-la simplesmente porque estás a usar as formas e figuras construtores da nossa realidade. Aqui, o teu lado lógico começa a entender! Começa a envolver-se na tua experiência espiritual, e num ápice, tens os dois motores do barco na água e estás em marcha a toda a velocidade.

Ao olhar para a imagem da Flor da Vida pensamos que é demasiado complicada para se desenhar. Mas por agora, olhemos para esta imagem e pensemos que ela é a base para muitos.

[O perímetro do quadrado e a circunferência do circulo são (aproximadamente) do mesmo tamanho. Assim, se um dos lados do quadrado for 3cm, então a circunferência do circulo tem que ter 12cm – o que significa que o raio do circulo seria de 1,9cm – mas verifiquem por vós mesmos.]
Quando fiz estes desenhos a primeira vez, percebi que descreviam a relação entre o circulo e o quadrado, o feminino e o masculino. E mais, descreve a relação num lado bastante masculino, ou seja, através de linhas rectas (no lado feminino usam-se as formas curvas).
Agora, ao ler o parágrafo acima podes até dizer “Sim, isso é verdade”, ou podes agarrar num lápis, compasso e papel e desenhar por ti mesmo. Depois podes começar a sentir a diferença entre olhar para a Geometria Sagrada e praticá-la – “a diferença entre saber o caminho, e caminhá-lo”.

CCB: Como se pode saber o caminho sem o caminhar? Se o caminho se faz em cada passo que damos? Por isso digo, deixemos fluir a vida, sem pará-la em processos egóicos(puramente mentais), porque não saberemos o que temos pela frente se não vivenciarmos.
Nestes desenhos o processo é o mesmo, acontece por vezes ter em mente uma coisa e sai outra totalmente diferente, porque me envolvo e entrego de tal forma, que o resultado, é aquilo que os meus dois lados do cérebro quiserem experiênciar. Assim é a vida também!
Contudo, fazer estes desenhos, não é uma experiência unicamente pertencente ao lado racional e lógico. Formas como o Ovo da Vida (imagem abaixo), possuem uma beleza tão grande e universal que apelam à nossa parte mais básica, mais essencial, dentro de cada um de nós.

Falam do que de mais belo existe dentro de nós, e que está esquecido, mas pronto a ser acordado uma vez mais. Uma beleza reconhecida intuitivamente, mas também logicamente, e por isso holísticamente. Formas e figuras que nos recordam o nosso lugar no universo e a forma como sentimos e entendemos, movimentamos, e criamos harmonia no nosso próprio mundo, logo, em tudo o que nos rodeia. São as formas que geram a essência do nosso universo muito particular e do Todo.

(as minhas 1ª criações, em 2004)
Traduzido, interpretado e complementado, a partir daquihttp://www.simonprone.com/indexArticles.htm porOnda Encantada

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